Dentro do campo da luta pela libertação animal, há conceitos e correntes de pensamento que orientam e informam práticas ativistas, entre eles existe a concepção bem-estarista (welfarism).
Essa corrente, cujo início pode remeter ao século XVII, se define como uma linha filosófico-jurídica voltada à defesa da diminuição do sofrimento dos animais não-humanos, assim como eliminação da dor física e das formas de confinamento e trato. Em teoria não se opõe ao abolicionismo, mas afirma que suas medidas são necessárias enquanto a abolição não se mostra possível.
Em sua forma de ativismo, atua por intermédio da proposição de novas leis para trazer essas mudanças de minimização do sofrimento durante o abate (“humanitário”), criação extensiva, maiores jaulas, vivisecção somente após anestesia e outras medidas nessas mesmas linhas.
Em primeira análise, o posicionamento bem-estarista parece bastante assertivo, algumas pessoas diriam até que é “a única opção viável”, porém, são nas nuances que a estrondosa falha dessa corrente se revela quase como um impedimento para a abolição da exploração animal.
Ao aguardar a chegada, quase de forma messiânica, da Abolição/Libertação Animal, essa corrente ignora em sua concepção que é necessário criar as condições materiais na sociedade para concretizar essas utopias. A análise falha é exatamente o que leva muitas entidades bem-estaristas hoje em dia a defender que a abolição nunca chegará, passando a defender que “ovos de galinhas em criação extensiva são a opção dentro do veganismo”.
O pensamento de “única opção viável” é originado do fatalismo dessa análise que falha em entender como a realidade opera, para assim formular táticas e estratégias em curto, médio e longo prazo para atingir o real objetivo, que nunca deve ser esquecido, da Libertação Animal!
Medidas bem-estaristas são importantes como táticas dentro de uma grande estratégia abolicionista, de um veganismo popular, para tensionar o imaginário coletivo do senso comum e naturalizar a ideologia de que animais não-humanos não são produtos, mas sim seres merecedores de uma vida digna em seus próprios termos.
O Bem-Estarismo como fim em si mesmo extermina a possibilidade da Libertação Animal! ????✊????