Reducitarianismo: o que é?

Um movimento tem ganhado força em contrapartida ao veganismo: o reducitarianismo, que propõe uma alimentação que reduza conscientemente o consumo de animais e derivados. A dieta surge como uma resposta ao dito extremismo encabeçado por veganes ao propagarem seu estilo de vida, erradicante de animais na alimentação, que supostamente afastaria simpatizantes de agirem em prol do meio ambiente, animais e da sua saúde.⁣ Porém, há uma série de problemáticas nesse movimento. Primeiramente, segundo a “Reducitarian Foundation”, nunca é especificada a quantidade de animais que deve ser excluída da sua alimentação, tornando o conceito ambíguo, uma vez que alguém poderia não comer animais em uma refeição, mas dobrar o seu consumo nas demais. Também, a organização sugere mudanças individuais como solução para problemas sistêmicos. Apesar da pecuária ser uma das principais responsáveis pela exploração animal e desgaste ambiental, o reducitarianismo não confronta esse modo de produção capitalista.⁣

Ademais, o reducitarianismo não questiona o verdadeiro motivo de quem tem autonomia alimentar achar tão difícil deixar de consumir animais. Isso se deve à ideologia dominante do agronegócio que incute no imaginário coletivo, por meio de propagandas, a necessidade de se ter animais no prato. ⁣

O movimento também foca mais no aspecto ambiental e de saúde e deixa a ética animal à margem, o que já mostra que o reducitarianismo realmente não coaduna com os princípios de libertação animal anti-reificação, de se enxergar animais como indivíduos dignos de direitos conforme suas necessidades. Isso é muito conveniente para o agronegócio que, ao mesmo tempo que lança um produto vegetariano estrito, almeja lucra
r também com o seu produto tradicional à base de carne.⁣

Portanto, seria muito mais eficiente a criação das condições materiais para popularização do veganismo, soberania alimentar e consciência de classe para se pautar uma nova lógica de produção que não explore animais, não agrida o meio ambiente e não envenene a saúde da população. Acreditamos que esses são os eixos necessários para lutar pela construção de uma sociedade livre de explorações e opressões.

O documentário “Forget Shorter Showers” aponta que, se todos os norte-americanos mudassem radicalmente seus hábitos de consumo para alternativas sustentáveis, a redução de gases de efeito estufa seria de 22%, longe dos 75% necessários para que o planeta não entre em colapso ambiental.