Apelo à moralidade como tática de divulgação do veganismo

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“Moral de rebanho”

A “moral” é um daqueles temas filosóficos que é teorizado e discutido a todo momento. Nietzsche é um que, por exemplo, fazia crítica ao que ele chamava de moral de rebanho: a moral que tinha como objetivo tornar-se universal.

O problema não é a moral em si (se é que isso existe). O próprio Nietzsche coloca que nós pensamos sobre a nossa própria vida, sobre nossos próprios valores através da nossa moral – e que isso faz parte do ser humano. Mas a moral (esse conjunto de valores que temos como “certo” ou “errado”) pode ser algo que venha de encontro com a nossa própria humanidade, que não reprima os nossos instintos, potências e pulsões, que aceite as particularidades da vida real.

Acontece que a moral também pode ser algo que separa a noção de “certo e errado” da vida concreta e a eleva para o plano ideal: tornando noções particulares ou pertencentes a determinados grupos em conceitos universais. Essa manifestação da “moral” acaba sendo o que chamamos de moralismo. Ele ignora por completo as condições materiais dos indivíduos e traz recomendações generalizadas ao “ser humano”, como se a humanidade fosse uma massa homogênea.

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Uma outra alimentação é possível – Reflexões sobre uma relação saudável com o que nos nutre

PFzão com 100% de alimentos vindos da FAE (Feira Agricultores Ecologistas), em Porto Alegre

Quando falamos em cores, aromas e sabores juntos e misturados em um lugar só antes do sol nascer, o que vem na tua cabeça? Normalmente esse é o cenário encontrado por quem frequenta as feiras ecológicas da cidade.

A feira livre é a opção mais acessível para quem deseja manter uma rotina de alimentação saudável, a custo relativamente baixo (quando comparamos o preço dos orgânicos nos supermercados com o preço dos orgânicos nas feiras) e, ao mesmo tempo, fomentar o comércio local e a pequena agricultura. E não é de hoje, viu? Esse formato de compra e venda de alimentos, praticado desde o início dos tempos com o intuito de promover trocas de mercadorias entre pessoas de diferentes lugares e com diferentes itens, felizmente, resiste até hoje.

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O agro não é Pop, o agro mata!

Uma reflexão para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente

Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente e as últimas notícias sobre o tema não são nada positivas: batemos o quarto mês de recorde de desmatamento da Amazônia, servidores do ICMBio foram sequestrados por garimpeiros em Roraima, dois dias após o despresidente inaugurar na região uma ponte que tende a facilitar o garimpo ilegal no território yanomami…

Política de morte de Mourão, Salles e Bolsonaro

Nosso foco, porém, será algo impossível de não comentar quando se pensa em meio ambiente: o agronegócio, atividade com maior impacto ambiental no Brasil. Segundo a Agência Nacional de Águas, o agronegócio (agricultura + pecuária) consome 83% da água tratada do país, enquanto o abastecimento urbano corresponde a apenas 11%.

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Por que ir às ruas no dia 29 de maio?

Neste sábado, 29 de maio, um protesto nacional está sendo organizado contra o governo genocida, responsável pela morte de milhares de pessoas na pandemia, além de adoecimento físico e mental de tantas outras, desemprego, empobrecimento, etc.

Apesar dos riscos de aglomerações neste momento, vamos enumerar as razões pelas quais acreditamos ser necessário comparecer aos atos:

Porque o Brasil é mais um país no qual a proliferação do vírus só cresceu da forma que cresceu por causa das ações e das omissões do despresidente e demais membres do governo;

Porque a classe trabalhadora brasileira não teve garantido o direito à saúde, à possibilidade de prevenção e ao isolamento com garantia de comida na mesa, o que deveria ter ocorrido por meio de políticas públicas;

Porque vivemos em um país onde aquele que deveria ser a maior liderança nacional no enfrentamento à pandemia se posiciona contra a ciência, emite declarações que banalizam a doença, faz pronunciamentos contra a vacinação, promove aglomerações e nem sequer usa máscara!

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Veganismo: nem de esquerda, nem de direita?

Os usos dos termos veganismo, direita e esquerda têm sido feitos muitas vezes de forma confusa, errônea, precipitada ou mal-intencionada. Pudera, são todos centrais no cenário político tão dramático no qual nos encontramos. Porém, é possível discernir com segurança alguns aspectos básicos de cada um desses conceitos, a fim de entender melhor como o veganismo pode ser caracterizado politicamente de forma consequente com seus princípios éticos.

Bem, primeiramente vamos definir o que é fundamental para a caracterização de um posicionamento à esquerda, partindo da premissa de que se propõe aqui um debate que se dirija à raiz dos problemas ligados às desigualdades em termos de raça, classe, gênero e espécie.

Poderíamos elencar assim os seguintes pontos como defendidos no sentido proposto: igualdade radical e soberania popular (tecnológica, alimentar, geopolítica e assim por diante). Por outro lado, normalmente a direita defende uma concepção de igualdade formal e não defende a soberania popular, mas uma vertente ou outra da liberdade individual com base na competição (estamos falando aqui de direita moderada ou centro-direita e não da extrema direita).

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Ativismo Sustentável – Prevenindo o esgotamento (ebook gratuito disponível em PDF)

Burnout, ou Esgotamento, é uma questão política e de movimento/ativismo. Todos os anos, ativistas comprometides sofrem e abandonam nossa comunidade porque acabam ficando esgotades.

Hoje, apresentamos a vocês o primeiro livro digital idealizado pelo MOVA. A temática é o  burnout (esgotamento), suas causas dentro da cultura ativista e como preveni-lo.

Ele é uma adaptação do livreto “Sustainable Activism & Avoidig Burnout”, do Activist Trauma. A tradução foi feita por Bert Brew e a diagramação foi feita pela Bianca (oneub@protonmail.com).

Para baixar o material, basta clicar aqui. Ele também está disponível na nossa página de materiais aqui do blogue.

Projeto de Lei que proíbe Foie Gras em Porto Alegre é protocolado na Câmara Municipal

Como montar uma criação de gansos

O Projeto de Lei nº 152/21, de autoria do vereador Leonel Radde (PT), propõe proibir em definitivo a produção, distribuição, comercialização e disponibilização do produto foie gras nos restaurantes e estabelecimentos comerciais do município de Porto Alegre.⁣

Foie gras é um patê produzido com fígados de gansos e patos que passam por um processo conhecido como “gavage”, no qual os animais são obrigados a comer uma mistura rica em gordura que faz o fígado inchar. O processo requer a inserção de um tubo na garganta do animal durante 20 dias.⁣

O vereador Leonel Radde é um dos signatários da Carta Compromisso da União Vegana de Ativismo. Agradecemos ao Leonel por manter essa articulação conosco e se disponibilizar a levar nossas demandas adiante! ⁣

Não deixe de acompanhar a tramitação do projeto de lei no site da Câmara Municipal — PLL 152/21.

Segurança Alimentar é tema de reunião de Comissão da Câmara Municipal de Porto Alegre

Na última terça-feira, 20 de abril, a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (CEDECONDH) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu para fazer um debate sobre Segurança Alimentar. A reunião foi presidida pelo vereador Matheus Gomes (PSOL) e teve a participação de algumas Secretarias que, de uma forma ou de outra, atuam ou deveriam atuar em torno dessa pauta, e de membros da sociedade civil, lideranças comunitárias que puderam expor a realidade das regiões em que vivem e atuam.

Matheus iniciou a sessão mencionando que a capital do Rio Grande do Sul tem 130 mil pessoas em condições de pobreza ou de extrema pobreza, conceitos que estão relacionados à renda do indivíduo. De acordo com o Banco Mundial, a pobreza corresponde à renda mensal de até R$ 436; para a extrema pobreza esse limite é reduzido a R$ 151. Matheus lembrou ainda que o IBGE divulgou recentemente que apenas 40% da população brasileira vive em condições de segurança alimentar.

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Polícia Vegana – disputa de narrativas e coerência da prática vegana

Sobre proteínas, B12 e agrotóxicos: hipocrisia e essencialismo nos debates  vegetarianismo x carnismo | by Kae tê | antropoloko-alado | Medium
“Polícia vegana” da série de quadrinhos Scott Pilgrim

Antes de mais nada, esta não será uma postagem sobre as forças policiais. Vamos falar sobre o termo bastante utilizado por determinados grupos dentro do veganismo, a famosa expressão “Polícia Vegana”.

Essa expressão é fortemente usada em discussões quando se abordam temas como as conexões do veganismo com outras lutas contra a opressão, a exploração e a destruição da natureza ou quando o assunto é se o novo produto da empresa que lucra com a morte de animais (além da exploração da classe trabalhadora e a destruição e devastação ambiental, e subsequente morte de diversos animais e até espécies inteiras) é ou não é “vegano”.

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8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres – sobre não apagar contextos históricos e apoiar a luta anticapitalista

8 de Março nasceu com luta por pão e paz | Opinião

A data de hoje tem um contexto histórico, estando intimamente ligada com a luta das mulheres trabalhadoras. Não é à toa que a ideia de instituir um dia para dar visibilidade à luta dessas mulheres foi dada pela comunista alemã Clara Zetkin, em 1910, no II Congresso das Mulheres Socialistas. ⁣

No texto de 1913 “O Dia da Mulher”, escrito por Alexandra Kollontai, uma das notáveis mulheres que ajudou a liderar a Revolução Russa, a autora afirma que “O Dia da Mulher é um elo na longa e sólida cadeia da mulher no movimento operário”. Portanto, não podemos abandonar esse contexto histórico e enxergar o Dia da Mulher como “dia de celebrar o feminismo”. Pois nem todo feminismo se compromete com uma mudança radical da sociedade. Além disso, é incoerente se utilizar dessa data para falar sobre a opressão da mulher sem citar o capitalismo como um de seus grandes pilares. ⁣

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