Apelo à moralidade como tática de divulgação do veganismo

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“Moral de rebanho”

A “moral” é um daqueles temas filosóficos que é teorizado e discutido a todo momento. Nietzsche é um que, por exemplo, fazia crítica ao que ele chamava de moral de rebanho: a moral que tinha como objetivo tornar-se universal.

O problema não é a moral em si (se é que isso existe). O próprio Nietzsche coloca que nós pensamos sobre a nossa própria vida, sobre nossos próprios valores através da nossa moral – e que isso faz parte do ser humano. Mas a moral (esse conjunto de valores que temos como “certo” ou “errado”) pode ser algo que venha de encontro com a nossa própria humanidade, que não reprima os nossos instintos, potências e pulsões, que aceite as particularidades da vida real.

Acontece que a moral também pode ser algo que separa a noção de “certo e errado” da vida concreta e a eleva para o plano ideal: tornando noções particulares ou pertencentes a determinados grupos em conceitos universais. Essa manifestação da “moral” acaba sendo o que chamamos de moralismo. Ele ignora por completo as condições materiais dos indivíduos e traz recomendações generalizadas ao “ser humano”, como se a humanidade fosse uma massa homogênea.

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O agro não é Pop, o agro mata!

Uma reflexão para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente

Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente e as últimas notícias sobre o tema não são nada positivas: batemos o quarto mês de recorde de desmatamento da Amazônia, servidores do ICMBio foram sequestrados por garimpeiros em Roraima, dois dias após o despresidente inaugurar na região uma ponte que tende a facilitar o garimpo ilegal no território yanomami…

Política de morte de Mourão, Salles e Bolsonaro

Nosso foco, porém, será algo impossível de não comentar quando se pensa em meio ambiente: o agronegócio, atividade com maior impacto ambiental no Brasil. Segundo a Agência Nacional de Águas, o agronegócio (agricultura + pecuária) consome 83% da água tratada do país, enquanto o abastecimento urbano corresponde a apenas 11%.

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Veganismo: nem de esquerda, nem de direita?

Os usos dos termos veganismo, direita e esquerda têm sido feitos muitas vezes de forma confusa, errônea, precipitada ou mal-intencionada. Pudera, são todos centrais no cenário político tão dramático no qual nos encontramos. Porém, é possível discernir com segurança alguns aspectos básicos de cada um desses conceitos, a fim de entender melhor como o veganismo pode ser caracterizado politicamente de forma consequente com seus princípios éticos.

Bem, primeiramente vamos definir o que é fundamental para a caracterização de um posicionamento à esquerda, partindo da premissa de que se propõe aqui um debate que se dirija à raiz dos problemas ligados às desigualdades em termos de raça, classe, gênero e espécie.

Poderíamos elencar assim os seguintes pontos como defendidos no sentido proposto: igualdade radical e soberania popular (tecnológica, alimentar, geopolítica e assim por diante). Por outro lado, normalmente a direita defende uma concepção de igualdade formal e não defende a soberania popular, mas uma vertente ou outra da liberdade individual com base na competição (estamos falando aqui de direita moderada ou centro-direita e não da extrema direita).

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Polícia Vegana – disputa de narrativas e coerência da prática vegana

Sobre proteínas, B12 e agrotóxicos: hipocrisia e essencialismo nos debates  vegetarianismo x carnismo | by Kae tê | antropoloko-alado | Medium
“Polícia vegana” da série de quadrinhos Scott Pilgrim

Antes de mais nada, esta não será uma postagem sobre as forças policiais. Vamos falar sobre o termo bastante utilizado por determinados grupos dentro do veganismo, a famosa expressão “Polícia Vegana”.

Essa expressão é fortemente usada em discussões quando se abordam temas como as conexões do veganismo com outras lutas contra a opressão, a exploração e a destruição da natureza ou quando o assunto é se o novo produto da empresa que lucra com a morte de animais (além da exploração da classe trabalhadora e a destruição e devastação ambiental, e subsequente morte de diversos animais e até espécies inteiras) é ou não é “vegano”.

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Abolicionismo Anticapitalista dentro do Veganismo

Ativismo vegano: conheça o movimento que se opõe ao ...

O posicionamento radical de oposição a toda forma de dominação, exploração e opressão sempre foi fundamental no decorrer da história para a abolição dessas práticas. Identificar o problema na raiz da exploração animal, ao invés de buscar conciliações com as estruturas de exploração capitalista, é um passo essencial para se alcançar a libertação animal efetiva.

No veganismo, há um consenso da abolição da exploração animal, porém diferentes correntes de pensamento no movimento enxergam métodos distintos para esse processo.

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