O posicionamento radical de oposição a toda forma de dominação, exploração e opressão sempre foi fundamental no decorrer da história para a abolição dessas práticas. Identificar o problema na raiz da exploração animal, ao invés de buscar conciliações com as estruturas de exploração capitalista, é um passo essencial para se alcançar a libertação animal efetiva.
No veganismo, há um consenso da abolição da exploração animal, porém diferentes correntes de pensamento no movimento enxergam métodos distintos para esse processo.
O liberalismo no veganismo se manifesta com o apoio cego a empresas ao lançarem um novo produto vegano no mercado com a expectativa que o número de animais explorados por essa mesma corporação diminuirá (já foi dito em outro texto que os produtos de origem animal só são exportados). Por essa ser uma ideia mais inofensiva para as indústrias de alimentos especistas, como o agronegócio, há uma enorme cooptação de grandes figuras burguesas e da mídia hegemônica em promover o veganismo como um estilo de vida que se equipara a uma nova tendência de mercado a ser descartada quando esse enfoque no “movimento” passar.
O viés abolicionista anticapitalista no veganismo não se limita à visão simplória de se confiar no consumo para abolir estruturas de produção exploratórias. Ele possui um entendimento que se expande para além das contradições de consumo dentro do capitalismo e pauta, a partir de um alinhamento com o povo também explorado pelo mesmo sistema, uma superação do modo de produção capitalista para tornar as práticas de dominação especistas obsoletas. Isso passa por dar à população mundial autonomia na sua alimentação e destruir a hegemonia alimentícia do agronegócio que impõe às pessoas a necessidade da carne no seu prato.
Entender quem é o verdadeiro inimigo na luta por libertação animal é essencial para expandir a ideologia antiespecista para a massa da classe trabalhador (maioria da população). Uma perspectiva de abolicionismo anticapitalista e popular no veganismo é o que realmente pode juntar o povo na disputa por um mundo livre de explorações e opressões.