Polícia Vegana – disputa de narrativas e coerência da prática vegana

Sobre proteínas, B12 e agrotóxicos: hipocrisia e essencialismo nos debates  vegetarianismo x carnismo | by Kae tê | antropoloko-alado | Medium
“Polícia vegana” da série de quadrinhos Scott Pilgrim

Antes de mais nada, esta não será uma postagem sobre as forças policiais. Vamos falar sobre o termo bastante utilizado por determinados grupos dentro do veganismo, a famosa expressão “Polícia Vegana”.

Essa expressão é fortemente usada em discussões quando se abordam temas como as conexões do veganismo com outras lutas contra a opressão, a exploração e a destruição da natureza ou quando o assunto é se o novo produto da empresa que lucra com a morte de animais (além da exploração da classe trabalhadora e a destruição e devastação ambiental, e subsequente morte de diversos animais e até espécies inteiras) é ou não é “vegano”.

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8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres – sobre não apagar contextos históricos e apoiar a luta anticapitalista

8 de Março nasceu com luta por pão e paz | Opinião

A data de hoje tem um contexto histórico, estando intimamente ligada com a luta das mulheres trabalhadoras. Não é à toa que a ideia de instituir um dia para dar visibilidade à luta dessas mulheres foi dada pela comunista alemã Clara Zetkin, em 1910, no II Congresso das Mulheres Socialistas. ⁣

No texto de 1913 “O Dia da Mulher”, escrito por Alexandra Kollontai, uma das notáveis mulheres que ajudou a liderar a Revolução Russa, a autora afirma que “O Dia da Mulher é um elo na longa e sólida cadeia da mulher no movimento operário”. Portanto, não podemos abandonar esse contexto histórico e enxergar o Dia da Mulher como “dia de celebrar o feminismo”. Pois nem todo feminismo se compromete com uma mudança radical da sociedade. Além disso, é incoerente se utilizar dessa data para falar sobre a opressão da mulher sem citar o capitalismo como um de seus grandes pilares. ⁣

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A problemática na criminalização da agressão a cães e gatos

Bolsonaro diz que 'nunca' duvidou que sancionaria lei de maus-tratos de  animais - Jornal O Globo

No dia 29 de setembro, Bolsonaro esteve no Palácio do Planalto com diversos cães para sancionar o PL 1095, que pretende enrijecer a pena para agressorus de cães e gatos. A lei determina o encarceramento de 3 a 5 anos para quem a infringir.⁣

Bolsonaro se reunir com cães e gatos simboliza uma falsa imagem de protetor dos animais, após o descaso com os incêndios do Pantanal que estão matando milhares. Vindo dele, é nítido que a medida é uma cortina de fumaça para encobrir os verdadeiros crimes contra animais cometidos pelo agronegócio, modelo produtivo incentivado por Bolsonaro.⁣

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Interseccionalidade: uma breve contextualização para o veganismo

Apontamentos sobre cidadania, opressões e as perspectivas ...

O conceito de interseccionalidade remete à jurista estadunidense Kimberlé Crenshaw, porém também remete aos movimentos de mulheres negras norte-americanas da década de 1970, que já atuavam com o entendimento de que as opressões (gênero, classe, raça e sexualidade) não deveriam ser entendidas separadamente, mas de forma articulada e entrelaçada.⁣

O feminismo negro tem papel fundamental no que hoje entendemos como sistematização do conceito de interseccionalidade, como nas obras de Audre Lorde e bell hooks. Não teria como haver uma luta envolvendo uma só questão porque não se vive sem essas intersecções, de uma realidade complexa com entrelaçamento de experiências vividas por mulheres negras, trabalhadoras,
lésbicas.⁣

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LGBTfobia e Especismo: A urgência de novas noções de masculinidade

Pin em gay shit

Existem algumas implicações de comportamento que a lógica especista impõe às relações humanas. Um dos principais meios pelos quais essa opressão se manifesta na sociedade é através da construção de uma masculinidade hegemônica que oprime identidades de gênero e sexualidades desviantes da norma.⁣

Uma das principais atribuições ao que é ser um homem na nossa sociedade patriarcal é o consumo de carne animal, junto da heterossexualidade e cisgeneridade compulsórias. Há também uma relação do veganismo e do consumo de vegetais em geral com feminilidade ou com o atrelamento à figura da mulher. Isso, por sua vez, simbolizando fraqueza pela indústria alimentícia que imbui a ideia da carne ser o produto mais nutritivo e proteico, assim fortalecendo o agronegócio.⁣

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O problema é o ser humano?

Anualmente, bilhões de animais são mortos e têm suas partes destrinchadas e comercializadas para que seres humanos possam consumi-las. Vítimas de uma indústria que propaga a ideologia especista, esses seres vivos são enxergados como apenas mais uma mercadoria à disposição da nossa espécie.⁣

Frente a esse problema e a muitos outros que poderiam ser listados, como desmatamento de florestas, poluição das águas, volume estrondoso de lixo gerado anualmente, até parece lógica a inferência de que há algo errado na humanidade.⁣

As pessoas que se indignam com esses infortúnios deixam de se enxergar como uma parte da sociedade e assumem uma posição de isolamento, de “eu contra o mundo”. Esse desencantamento pode provocar um desgosto generalizado à espécie humana. ⁣

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Carnismo e Sexismo – Carne e poder patriarcal

Propaganda sexista ligando a masculinidade ao consumo de carne

Qual a relação entre dominância masculina e consumo de carne? Qual ligação há entre carnismo, cultura da   violência contra mulher e objetificação feminina? Que mulher nunca ouviu de outra mulher (ou pronunciou) algo semelhante a “me senti um pedaço de carne” ou foi comparada a uma “vaca”, uma “galinha” ou um “filé”? ⠀

Precisamos falar sobre como se construiu a ideia de que é um privilégio ter acesso à carne e porque é ligada ao poder. Há uma lógica da dominação dos corpos que vem sendo construída pelo patriarcado ao longo dos séculos e que se reflete nas opressões e na nossa relação com os alimentos. As pessoas que têm poder comem a melhor carne, já os cidadãos de “segunda classe” comem as sobras. ⠀

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